A questão não é permitir ou não os filhos de freqüentarem determinados lugares, mas debater o papel das mães no processo de amadurecimento dos filhos. Mães corajosas, comodistas, superprotetoras, dedicadas, relapsas, possessivas, amorosas. Qual a medida certa de ser mãe? A do Geraldão, do cartunista Angeli, é tão danada que faz tudo para não deixar o filho arrumar namorada.
Quando vai chegando o “Dia das mães”, o comércio se assanha, defende seus interesses. E, naturalmente, as mães aguardam um agrado. Mas é um bom momento para reflexão. Quão boa mãe você é? Quão boa mãe é a sua esposa?
Poderíamos citar inúmeras situações que revelam as que exageram nos cuidados, as que são permissivas, que são excessivamente castradoras. As que excedem na liberdade e as que demonstram desatenção e descaso com os filhos. Tanto a falta quanto o excesso pode deixar seqüelas, marcas que prejudicam o desenvolvimento emocional do filho.
A mãe que, por colocar o filho no lugar do falo – quando ele entra na relação tamponando a falta – acaba por sufocá-lo, dificultando o corte necessário entre mãe e filho. Por outro lado, a que não estabelece o laço necessário com o filho não transmite à criança a certeza de que ela ocupa um lugar no seu desejo. Mães que não sentam no chão e brincam com o filho não se ocupam da maternagem com gosto. Outras se ocupam de forma obsessiva, compulsiva e autoritária. Situações extremas geralmente provocam desequilíbrio. Um lar saudável prima por uma certa harmonia. Como conquistar tal equilíbrio?
O grande desafio que o mundo turbulento coloca às mães é: Como conciliar vida corrida com paz interior? Como atingir internamente o ponto de sustentação, de harmonia para conseguir a boa medida – ter firmeza ao dizer não e convicção ao dizer sim? Como não ser carrasca, tampouco superprotetora?
Superproteger é uma tendência materna. Aliás, é necessário que a mãe estabeleça uma fusão com o bebê. Este nasce totalmente indefeso, dependente.
Contudo, com o tempo, é também necessário que ela vá se distanciando – desviando o olhar para outros interesses. É importante que o filho perceba que a mãe não é toda dele. Educar implica limitar e frustrar o filho em seu desejo. A mãe suficientemente boa é aquela que interdita o filho nos excessos e prepara-o para os obstáculos da vida. É importante que a mãe incentive a criança na conquista de sua independência – que inicia-se com a transição do peito para a mamadeira, do colo para o chão, da casa para a escola. Entretanto, há mães que não querem que o filho cresça e dificultam a conquista da liberdade e da independência. Mães fálicas, egoístas e poderosas cujos filhos, geralmente, terão dificuldades em assumir responsabilidades, tomar rumo na vida.
Excessos de cuidados geralmente culminam em crianças inseguras. Crescem com dificuldades para fazer escolhas, temerosas diante dos desafios necessários ao amadurecimento. Inibidas ou acuadas, paralisam diante da angústia, demandando sempre dos pais as soluções.
Contudo, a falta de cuidado também é prejudicial, comprometendo o desenvolvimento psíquico da criança. Filho que sente que a mãe não gosta de despender parte do seu tempo com ele, que o trata com rispidez, provavelmente se tornará um adulto angustiado, mal humorado.
Qual é a função da mãe? Preparar um filho para a vida ou para atender aos seus caprichos narcísicos? Há mães que querem ser legais, moderninhas, amigas de suas filhas. Vale lembrar que ser mãe é diferente de ser amiga. Tornar-se uma mãe razoável, na dose necessária de bom senso e equilíbrio, é desafio. Muito trabalho, dedicação, erros e acertos. Primeiro, é importante que ela se equilibre, se estruture emocionalmente, psiquicamente – uma longa caminhada que envolve desejo e seriedade. Ser mãe é, antes de tudo, uma escolha corajosa, bonita quando exercida com prazer e lucidez, pois é tarefa para toda uma vida. E o futuro do mundo depende dela. Se a vida está fora dos eixos, às mães cabe a determinação de contribuir para consertá-la. Esperança que não se finda!
Nenhum comentário:
Postar um comentário