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terça-feira, 29 de janeiro de 2008


Pais e namoros


O garoto acordou e lá estava um sujeito que ele nunca viu, saindo do quarto da mãe. Com apenas dez anos, ele já trombou com vários namorados ou “casos” dela. O garoto passou a manifestar seu descontentamento de forma agressiva, irritado e chorão - sempre rejeitando os habitantes esporádicos que passavam pela casa.

Nessa história, temos uma criança à mercê da inconseqüência e da falta de habilidade de uma mãe. Com os recasamentos, cabe aos pais, e neste particular à mãe, saber como administrar melhor a vida afetiva. Geralmente, toda criança que vive a separação dos pais, sofre com a ausência daquele que se mudou. E acaba por criar expectativa numa relação afetiva mais duradoura com os aspirantes a padrasto ou madrasta. Além de gerar frustração, a mãe, que expõe suas relações afetivas ao filho de forma pouco criteriosa, corre o risco de perder a autoridade para com ele – instala-se um clima de que aquela é uma casa livre, onde tudo é permitido.

A sociedade atual convencionou julgar normal atos que antes eram considerados sacrilégios. A questão é saber usar o bom senso, saber avaliar cada caso - será que toda parada amorosa merece ser apresentada ao filho? Não seria mais seguro esperar, sentir a situação ao invés de expor o filho a tantos rodízios afetivos?
Tal fato nos leva a reflexões - por que o imaginário social que o mundo cultiva do Brasil é de paraíso sexual, bordel do mundo, destino de turistas sexuais que aqui aterrizam em busca de orgias? País em que mais de um milhão de adolescentes engravidam por ano, e muitas se portam como disponíveis para aventuras sexuais?

A liberdade sexual é incentivada pela indústria do sexo, que o expõe sem descanso. A mídia incita a volúpia todo o tempo. Sexo vende de cerveja a imóvel. As mulheres são convocadas a serem sexy o tempo todo. No cabaré tropical, todos se unem em torno da promoção erótica, prometendo gozo e vendendo um imaginário de prazer infinito. A onda do “liberou geral” apregoa o fim da censura, herança de uma luta por liberdade que nos viciou nos excessos, quando os estudantes no maio de 68 reivindicavam meio a slogans: “Sejamos razoáveis, exijamos o impossível”.

É verdade que tivemos avanços com a revolução sexual. As mulheres podem ter prazer sem engravidarem, escolher os parceiros e quantos filhos ter, ou separar-se quando infelizes. Os homens não precisam mais pagar para fazerem sexo. Contudo, os pais não precisam jogar no lixo a responsabilidade, o bom senso e a lucidez. É possível conjugar vida pessoal sem causar devastação na família. Moralismos à parte, a questão é que tudo que restringe e limita as formas de viver o prazer, soa como careta, ultrapassado, retrógrado.

Muitos se esquecem que o processo educativo inclui ritos de passagens que não devem ser atropelados. A festa dos 15 anos, por exemplo, tinha a função de inserir a garota na sociedade, marcando esta etapa da vida. Hoje, debutar, socializar e integrar-se entre os jovens, já não faz sentido, elas iniciam-se muito antes. É importante ficarmos atentos à tendência apressada e frenética ao gozo.

Cabe aos pais mostrar que a vida é muito mais que romances e baladas. Educar implica em ajudar o filho a construir saídas para as angústias, saber enfrentar as obrigações, frustrações e adversidades que a vida nos impõe – aspectos desagradáveis, contudo necessários no processo de formação de uma criança. E nada mais eficaz que exemplos, funcionam melhor que duras palavras. Saber viver os impulsos e conquistar os momentos de prazer requer sabedoria. Mais um desafio aos pais.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom o texto meninas! Parece que a humanidade passou do moralismo cristão carregado de hipocrisia e vinculado à manutenção dos interesses materiais para o "liberou geral" ligado ao consumismo irrestrito.
Liberdade não é nada disso.
Precisamos de escolas que ajudem a nós, mães, a construir esta alternativa né?
Parabéns pelo trabalho.