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e entusiasma a alma.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007


O melhor presente


Há muitas maneiras significativas de presentear que ultrapassem o caráter material, e que podem conferir sentido especial à vida de um filho. Com a chegada do Natal, somos bombardeados e sugestionados pelas campanhas publicitárias a comprar determinado produto, e nos esquecemos que há necessidades que não se compram.

Na sociedade contemporânea consumir é palavra de ordem. Tomado pela lógica do lucro, o mercado embala produtos com promessas ilusórias. Compre e seja feliz, compre e sinta-se especial, e, porque não dizer: compre e garanta a felicidade de seu filho. Essas são algumas das mensagens nas quais fingimos acreditar. Claro que é gostoso ganhar um presente, o problema é quando fazemos disto um substituto do que realmente é relevante.

Contudo, além do presente, que tal você pensar em algo que realmente suscite um acontecimento, uma transformação na vida do seu filho? Que tal um compromisso entre você e ele? Existem compromissos que falam mais alto, tocam pontos cruciais. Como, por exemplo, os que estabelecemos com as pessoas que amamos. E com os filhos não pode ser diferente. Eles sempre esperam de nós comprometimento, pacto, cumplicidade. Laços que não devem se afrouxar, combinados com os quais não podemos negligenciar, senão, é decepção pura. Use sensibilidade e criatividade, transcenda. Ofereça ao seu filho algo que não seja efêmero e que somente lhe traga satisfação imediata. Descubra algo que inaugure um novo momento entre vocês, uma outra forma de relacionar e desfrutarem, juntos, momentos de prazer. Que tal um passeio, uma caminhada na montanha regada a uma longa conversa? Vocês terão a oportunidade de explorarem aspectos da vida que realmente confere sentido à existência humana, como o amor e a amizade. Esse o verdadeiro papel dos pais.

Se preferir: você pode desligar a TV na hora do jantar e brincar com a sua criança os jogos prediletos dela; assistir sua filha treinar vôlei uma vez por mês; criar sessões de leitura com intervalos para debates e bolo de chocolate; no lugar da novela, propor uma ida ao cinema; organizar-se para chegar mais cedo em casa e trocar gostosas palavras, rolar no chão e se enrolar nos afetos. E se, por acaso, você não tem uma boa idéia, não desista, todo início é assim mesmo. Reinventar a vida é mais difícil que viver a que o mercado quer nos impor. Inicie com uma boa conversa, pergunte, observe e tente descobrir o que seu filho gostaria que você fizesse. Você vai se surpreender!

Afeto, intimidade e confiança são efeitos de uma boa convivência. Laços de cumplicidade e respeito são construídos num cotidiano de trocas fecundas e simbólicas. Laços entre os filhos são fortalecidos numa relação verdadeira, que exige entrega de ambas as partes. A companhia dos pais aos filhos é fundamental na travessia da infância ao mundo da responsabilidade. Todo filho precisa se sentir amparado frente às ameaças de desamparo do mundo e da rua. E que presente melhor os pais podem oferecer, senão disposição para acolhê-los nessa difícil trajetória, orientando e acompanhando-os nos temores e angústias? A função dos pais consiste mais em fazer companhia e se disporem a acompanhar o filho em seu processo de crescimento, que de supri-lo em suas demandas materiais. Neste Natal, que tal você se dar de presente ao seu filho? Presente fundamental e barato. Experimente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante a proposta e acho que é necessária. Vejo no dia-a-dia os bens tomarem o lugar das pessoas. Entretanto, no caso do "tempo de natal", imagino que nossas crianças são mais suscetíveis aos apelos comerciais que nós adultos (que já somos muito fragilizados diante de inúmeras ofertas). O que gostaria de saber, meninas (desculpe a intimidade), é como fazer com que nossas crianças recebam essa proposta de presente afetivo, uma vez que elas já esperam um presente material, já sonham com carrinhos, playstations, bonecas e bolas? Como fazer para ele perceber que estamos dando um presente imaterial e salvá-lo de uma frustração por não ter ganhado o tão sonhado presente de natal?